Texto publicado originalmente pelo Professor LÚCIO FLÁVIO PINTO em 26 de Julho de 2021. Com o devido respeito ao Mestre Lúcio Flávio no qual sou fã (espero conversar com o Professor presencialmente um dia), inseri opiniões com comentários simples de Aprendiz que sou mas que acredito merecerem atenção.
Lúcio: Bolsonaro nunca mais. Nem Lula.
Ricardo: Bolsonaro até que surja alguém melhor. Lula nunca mais.
Lúcio: O que resta aos que defendem essa posição para a eleição do próximo ano? Buscam uma alternativa a essa bilateralidade compulsória que nos está sendo proposta. Um nome novo, com biografia limpa, competente, honesto, com a estatura de um estadista para enfrentar os deságios do Brasil atual. Diz-se que quando Getúlio Vargas, em palanque de comício de campanha eleitoral, elencou essas qualidades do candidato que se disporia a apoiar ao governo da Bahia, Benedito Valadares, ao lado, comentou: “Já sei o nome do candidato. Vai ser o Senhor do Bonfim”.
Ricardo: Sim um nome novo, com biografia limpa, competente, honesto, com a estatura de um estadista para enfrentar os deságios do Brasil atual seria excelente. Mas já nasceu?
Lúcio: Lula e Bolsonaro parecem fazer o mesmo jogo. Para eles, não existe alternativa. Simplesmente porque não haveria político capaz de se amoldar a essa aspiração nacional. Hoje, efetivamente não há. No entanto, arquivar o tratamento da questão é apenas garantia de que nunca haverá. É preciso continuar a aprofundar o tema, relacionando os pressupostos da escolha de um tertius a nomes catalogáveis para uma definição concreta.
A fuga de um aprisionamento antitético como o de Lula versus Bolsonaro faz parte de uma das tradições políticas do nosso tempo. Ela assumiu a forma de Terceiro Mundo, Terceira Força, Terceira Via e outras designações desse tipo.
Ricardo: Concordo parcialmente já que se fosse para definir percentualmente Lula consegue ser mais megalomaníaco do que Bolsonaro com um exemplo de diferença muito importante: Mesmo sem divulgação da grande mídia várias obras estruturais de Infraestrutura já foram concluídas e outras estão em andamento. Isto fará o Brasil crescer e se desenvolver de forma sustentável e não teremos apenas o conhecido vôo de galinha.
Temos alguns “tertius”, ou seja, temos “terceiras vias” muito boas, porém, são inibidos a participar do pleito não por medo de Bolsonaro ou Lula mas por receio do “$i$tema” gigante de corrupção que corre nas veias e entranhas na Política em Brasília e em todo o Brasil.
Uma Reforma Política e Administrativa que incluam:
* A eliminação dessa quantidade absurda de Partidos Políticos que são moedas de troca e barganha (marionetes);
* O fim do Foro Privilegiado;
* A extinção de boa parte (para não dizer todas) as regalias e benefícios dos Políticos;
* O fim do Fundão Partidário;
* …e a implantação de Solução sistêmica de Democracia Direta que permita participação popular na formulação de projetos de Lei (e em vários outros assuntos relevantes de interesse Público);
…estas reformulações, mudanças e melhorias atrairia para as eleições automaticamente pessoas idôneas nas disputas eleitorais e gerariam diversas boas e novas opções de 1o,2o,3o e qualquer outra via.
Lúcio: Se muitas vezes falta o personagem para assumir as bandeiras, cabe aos intelectuais, como os elos entre vários momentos espalhados pelo tempo e o espaço da história humana, continuar a aprimorar a busca por uma saída entre o capitalismo (e seu adjetivo acompanhante: selvagem) e o socialismo (com a sua desculpa de ser “real” e não o ideal).
Ricardo: Perfeito.
Um simples exemplo: como seria o mundo após a Segunda Guerra Mundial se Roosevelt não tivesse morrido (sendo substituído pelo medíocre Truman) e Churchill não tivesse perdido a eleição (entrando Attle no seu lugar) justamente antes da conferência de Potsdam)? Dos três grandes restou Stálin. Ele impôs a sua presença na redefinição de fronteiras e de poder. A história também é feita de acasos. Mas é preciso estar muito atento a eles e em condições de percebê-los.
No caso brasileiro, entre um autocrata, como Lula, e um fascista, como Bolsonaro, com todos os seus cartéis de realizações e de “desrealizações” e destruições. Pode ser que mandando sinais de SOS para o espaço social, algum retorno se consiga.
Ricardo: Sim Lula é um Autocrata dentre tantos outros adjetivos e definições negativas. Tive a ilusão e votei nele em duas ocasiões infelizmente. No caso de Bolsonaro hipoteticamente ser Fascista creio que na prática essa definição não o vista. As Instituições Brasileiras apesar de carentes ainda de bastante desenvolvimento em algumas áreas são muito mais fortes positivamente (exceto o STF) do que em outros momentos históricos. Um belo exemplo de que o Presidente não é Fascista é seu desejo de que o Voto seja impresso e auditavel. Se houvesse fascismo jamais haveria tal intenção porque a Democracia eleitoral é profundamente perseguida nesse regime degradante.
Para animar o debate, reproduzo a seguir editorial do jornal O Estado de S. Paulo do dia 24.
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O medo de Lula e Bolsonaro
No mesmo dia, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro manifestaram por meios diferentes – um no Twitter, o outro numa entrevista à rádio – o mesmo medo. Os dois temem que haja um terceiro candidato competitivo nas eleições de 2022 e não perdem oportunidade de desautorizar uma candidatura viável de centro.
Além de mostrar a estreiteza de horizontes políticos que Lula e Bolsonaro querem impor à população, a tática revela a plena viabilidade de um candidato honesto, competente e equilibrado. De outra forma, Lula e Bolsonaro não estariam tão empenhados – quase que de mãos dadas, pode-se dizer – ridicularizando uma candidatura de centro.
“A terceira via – escreveu Lula em sua conta no Twitter – é uma invenção dos partidos que não tem candidato. Falam em polarização… O que tem de um lado é democracia e do outro é fascismo. Quem está sem chance usa de desculpa a tal da terceira via”. E explicitando o seu receio de que haja uma reunião das forças democráticas em torno de um candidato de centro viável, o ex-presidente petista concluiu: “Seria importante que todos os partidos lançassem candidato e testassem sua força”.
Como se pode ver, Lula não mudou nada. Coloca-se, nada mais, nada menos, como a própria representação da democracia e, para completar o atrevimento, rejeita a possibilidade de que exista uma outra candidatura viável para enfrentar Jair Bolsonaro. É a “democracia” nos moldes petistas – só é democrático quem apoia Luiz Inácio Lula da Silva.
A tentativa petista de monopolizar a oposição a Jair Bolsonaro tem um objetivo cada dia mais explícito. A polarização com o governo Bolsonaro é uma maneira de desviar a atenção do enorme passivo de corrupção, incompetência e negacionismo que marca a história do PT.
Lula não pediu desculpas à população pelos escândalos de corrupção do PT nem pelo desastre econômico que foi o governo de Dilma Rousseff. Também não explicou a razão pela qual está envolto em tantos processos penais, processos nos quais se defende por meio de questões formais. O País não ouviu até hoje do ex-presidente Lula nenhuma explicação para tantos mimos e agrados recebidos de empreiteiras.
Eis o ponto central. Uma candidatura viável de centro exigirá que Lula explique o passado do PT e apresente um mínimo de propostas para o País. Já não bastará ficar falando mal de Jair Bolsonaro, como se algumas palavras de crítica por si sós pudessem lhe dar credenciais para merecer a confiança e o voto da população. Para o PT, a polarização com o bolsonarismo é uma maneira fácil de rebaixar o debate público a um nível bem baixo, sem precisar enfrentar o desastroso histórico do partido.
E o mesmo ocorre com Jair Bolsonaro. O ex-capitão precisa que as opções políticas estejam restritas a um lamentável e irresponsável binarismo entre Lula e ele, para que sua reeleição tenha alguma nota de viabilidade. A simples existência de um candidato viável de centro, competente e honesto, escancara o absurdo que seria dar mais um mandato de quatro anos a quem se esforça todos os dias para ser o pior presidente da história do País.
Por isso, Jair Bolsonaro tenta que o eleitor não disponha de nenhuma opção além do bolsonarismo e do lulopetismo. “Tem uma passagem bíblica que diz, seja quente ou seja frio, não seja morno. Então, terceira via, povo não engole isso aí”, disse em entrevista à Rádio Itatiaia. Felizmente, a população tem outra percepção da política, um tanto mais equilibrada. Na última pesquisa do Instituto Datafolha, 59% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro. Não há intolerância da população com o centro. A intolerância é com a irresponsabilidade, o negacionismo e o desgoverno.
Em relação a uma candidatura viável de centro, Jair Bolsonaro repetiu o seu mantra. “Não vai dar certo. Não vai agregar. Não vai atrair a simpatia da população. Não existe terceira via. Está polarizado”, disse Bolsonaro, em uníssono com Lula. O medo dos dois é rigorosamente a esperança do País.
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